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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Queda na venda de carros afeta cadeia produtiva da indústria no Vale

Janeiro de 2016 foi ano que teve pior desempenho em 9 anos nas vendas.
Em 2015, São José e Taubaté perderam só na indústria 5,4 mil empregos.O setor automotivo foi responsável por um terço de todas as demissões na indústria de São José dos Campos e Taubaté. Em 2015, São José e Taubaté perderam só na indústria 5,4 mil postos de trabalho e o setor automotivo foi responsável por 30% dessas demissões, ou seja, cerca de 1,8 mil trabalhadores.

A desaceleração nas vendas afeta diretamente as montadoras da região, que diminuíram em 35% o número de funcionários em um período de oito anos. Em 2008, as três maiores fábricas da região, General Motors, Ford e Volkswagen, empregavam juntas 16.800 metalúrgicos, atualmente esse número é de 10.800.
Setor automobilístico reduziu efetivo por causa da crise (Foto: Reprodução/ TV Vanguarda)Setor automobilístico reduziu efetivo por causa da
crise (Foto: Reprodução/ TV Vanguarda)
Impactos
Falta serviço na cadeia produtiva inteira. Uma empresa de usinagem de São José dos Campos é um exemplo deste impacto.  As máquinas estão paradas, mas não tem nenhuma quebrada. Carlos Alberto trabalha sozinho em um dos setores.
Esse cenário nem sempre foi assim, há pouco mais de dois anos, a mesma empresa vivia um ótimo momento, tinha entre os clientes empresas do setor automobilístico, fornecedores da General Motors, além do setor aeronáutico. Era tanto trabalho que eles não davam conta e chegaram a terceirizar parte da produção, como conta Jair Machado, um dos sócios. “Nos bons tempos tínhamos até peças no chão da fábrica, atualmente o local está vazio'', recorda.
O resultado dessa mudança com a chegada da crise foi cruel. A empresa agora opera com 60% da capacidade. Faz dois anos que não contrata ninguém, um turno foi fechado e o corte no quadro de funcionários foi de 28%. “Em 2010 trabalhamos muito, de lá pra cá vimos que o setor automobilístico foi diminuindo”, conta ainda Jair. 
Enquanto o cenário não muda, quem depende da retomada do setor só pode esperar. “Por ser uma crise que parece estar longe de acabar, a expectativa de retomada está nos preocupando muito”, diz Jair.
Vendas de carros caiu mais de 30% em 2015 (Foto: Reprodução/ TV Vanguarda)Vendas de carros caiu mais de 30% em 2015
(Foto: Reprodução/ TV Vanguarda)
Vendas
A cada balanço do setor automotivo, a situação piora. Esse ano está longe de trazer uma solução para a crise. A venda de carros em janeiro de 2016 apresentou o pior desempenho para o mês em nove anos.
No início de 2006, foram emplacados no Brasil 230 mil veículos. Desde então, esse número vinha subindo e atingiu o pico em 2014, quando foram emplacados 460 mil veículos. Mas 2016 começou com enorme queda, e apenas 260 mil carros saíram das lojas.
Dificuldades
No caso da GM, que demitiu recentemente 517 funcionários, o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) acusa o Sindicato dos Metalúrgicos de intensificar o efeito da crise, dificultando a chegada de novos investimentos na cidade.

“Principalmente devido aos acordos sindicais. Qualquer empresa faria isso, entre investir em São José, onde ela teria um custo muito maior para viabilizar seu trabalho, ela vai procurar um lugar onde tem o custo menor, afirma Almir Fernandes, diretor do Ciesp de São José.
O Sindicato se defende e diz que a saída para acabar com as demissões está nas mãos do governo. “Nosso sindicato tem uma posição categórica, precisa ter um decreto para garantir estabilidade no emprego no país. Além disso, é necessário reduzir a jornada de trabalho sem redução de trabalho e as empresas tem situação financeira favorável para fazer isso no nosso país, pois são grandes multinacionais” diz o presidente do Sindicato Antônio Ferreira Barros, conhecido como ‘Macapá’.

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